
No rádio o Samuel insiste em repetir: "Eu vou dizendo na sequência bem clichê: eu preciso de você...."
"De você quem? De quem que eu estou precisando agora?" Foi o que eu comecei a me perguntar.
Na verdade a pergunta deveria ser outra: eu estou precisando de alguém? Mas aí eu lembrei que eu preciso de pessoas, indiscutivelmente!
Eu agora precisava daqueles almoços super gigantes em família, sabe?
Típicos da época do natal. Típicos da Marina, ou do Roberto em Brasília, da minha infância principalmente!
Todos reunidos, não em volta de uma mesa gigante, que nunca houve espaço pra essa mesa por mais que a idéia dela existir já tenha ocorrido algumas vezes, mas espalhados pela casa, pelo quintal, pela rua até. Muita comida gostosa. A famosa batata recheada que sempre me faz lembrar o David. Lagarto: minha carne preferida. Arroz com milhões de coisas misturadas e o outro separado, pra mim que era fresca o suficiente para não comer todas aquelas milhões de coisas...nem ervilha, nem brócolis...Hoje escutamos de longe a notícia de um brócolis superfaturado, parece fazer parte do esquema de lavagem de dinheiro do governo. Mas não...é resultado somente de um solo pobre e implantável apesar da valiosa mata. E tudo está tão longe, todos se mudaram. A casa não está mais superlotada, não brigamos pela beliche maior, crescemos. Mudamos. Casamos. Trabalhamos. Estudamos. Às vezes trabalhamos E estudamos. Os mais velhos já têm seus filhos. E, à exceção do mais novo que tem apenas 32 semanas de gestação, eles já não são mais nenéns. Daqui a pouco casam e nos dão sobrinhos-netos. Não haverá uma grande diferença de idade entre meus filhos e seus primos em segundo grau.
Estamos espalhados por aí, pela grande casa...Uma no norte, uma no leste, uma que viaja várias vezes por dia pelos trilhos da cidade e um que não pára quieto no sudeste ou mesmo dentro dele. Eu continuo aqui. Alçando vôos diferentes, conhecendo pessoas diferentes. O que menos faço é ficar em casa, e quando fico, continuo interagindo com áreas distantes: as que imagino, as que leio, as que vejo pela internet e as que visito nos sonhos.
E a outra família, ou a continuação dela...se perdeu o contato verbal (o contato 'vibracional' digamos assim, não será perdido nunca). Não nos vemos mais como antes, não rimos, contamos piadas, nos encontramos no meio do caminho por acaso...Aliás, é necessário dizer que foi formada uma outra família agora, que torna possível um encontro casual no meio da tarde ou um convite relâmpago para uma caminhada no bairro, ou um sorvete na esquina, até mesmo para um cinema de última hora. Cinema mesmo, na mais inocente das suas definições. Uma outra que se chama para ir aos lugares, que se dá bolo, que some, que some e não avisa, que volta e continua de onde parou como se nada tivesse acontecido...e não aconteceu mesmo. Continua tudo igual, afinal de contas se trata de família e mais do que isso: uma família escolhida em vida, que envolve laços fortes, que resistem ao tempo e ao desgaste de ações infundadas. Voltam firmes, são fortes, se completam.
Eu precisava de um dia com TODOS os meus amigos de todos os tempos juntos, num grande almoço, numa festa, numa comemoração à vida. [Não por um dia, é claro, por que não chegaria perto de ser suficiente.]
Era desseS quemS que eu precisava afinal!
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