- Pois não, senhor? De que se trata?
- Biscoitos, senhorita! Trago biscoitos.
- Ah sim, mas eu não posso comê-los agora. Meu trem já vai
partir e além do mais minha mãe não me deixa comer fora de hora.
- Basta guardar para depois, então. Estão deliciosos!
- Garanto que sim! Vejo pela satisfação do senhor, mas mamãe
realmente não permitiria. Mesmo que eu os guardasse. Não gosta que eu coma
doces.
- Então façamos o seguinte: você a pede e veremos a
resposta. Caso seja não, não volto a importunar-te, prometo.
- (a expressão da menina muda completamente) Não será
possível, senhor.
- Pois deixe de bobeira...eu mesmo a perguntarei, caso
desejes. A não ser que não queira provar de meus deliciosos biscoitos!
- De jeito nenhum, eu adoraria prova-los mas o senhor não
entende, não será possível. Desculpe.
- Eu mesmo a oferecerei, está decidido! Como é o nome da
ilustre senhora sua mãe?
- (volta a sonhar) É Carlota...
- (interrompe) Pois então, D. Carlota, bom dia (cutuca a
dama ao lado da menina)
- (grita tentando impedi-lo) Senhor não!
- O que há de mais em oferecer biscoitos, garota? É apenas o
meu trabalho...(volta) D. Carlota...
- Senhor, pare! (cochicha) Essa não é a minha mãe. E, por
favor, não nos importune mais.
Ele sai. Na estação outras crianças brincam de pertencer à famílias que não são suas, à viagens que nunca farão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário