domingo, 30 de dezembro de 2012

Casal de amigos

Ela o deixou por outro menos ativista político, nem por isso menos consciente.
Ele a deixou por alguém muito melhor, não que isso fosse muito difícil.

Ela arranjou alguém mais bonito.
Ele arranjou alguém mais calma, menos dissimulada.

Ele ainda não conseguiu se apaixonar por homem.
Ela faz alguns homens se apaixonarem.

Ele é inteligente, viajou um pedaço do mundo, fala línguas.
Ela é bonita, por dentro também. Tem um ar quase inocente. Mas de verdade.

Um casal bonito, afinal....

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

De malas na mão

Um dia eu disse "você achou que eu ia ficar nessa pra sempre?!" como quem estava com as malas na mão e partia para nunca mais voltar.

Não tem muito tempo.
E cá estou eu de volta ao começo.

Passei pelo começo, passei pelo fim, passeei por uns caminhos afins mas nunca me distanciei o suficiente desse ponto de partida.
Nunca me desliguei de verdade desse caminho que às vezes parece sem volta.

Em dias como hoje eu penso se realmente esse caminho tem saída e repenso minha atitude de esperar que ele vá me levar pr'aquele outro lugar que a gente decorou.


Não deve ser tão difícil assim, afinal.

Juntos fizemos o quarto, escolhemos os edredons e as toalhas. Não chegamos a comprar talheres, dava pra comer com a mão. Não compramos panelas também...o telefone da pizzaria estava pregado na geladeira. O sofá, a televisão, o tapete e toda a mobília que iria receber os amigos, compramos de segunda mão. Não fazia mal porque a cama-box era nova. E era só nossa.

A casa está pronta. Erguida. Vez ou outra alguma parede cai, mas não demora e construímos outra. Já nos acostumamos. Se um quer destruir a casa o outro, de pronto, corre a reconstruí-la. A casa está pronta mas está vazia.

Até quando?

Isso é o que me pergunto... Até quando ficaremos nesse joguinho barato?
É o que eu te pergunto.



Parada. Na minha frente abrem-se caminhos, possibilidades, quereres. Não sei mais até quando terei forças ou vontades de continuar parada. O tempo corre a minha volta e eu desaprendi a dizer não.

sábado, 8 de dezembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

aquilo tudo que todo mundo era



um dia cinza que pareceu ser chuva. o dia disse o dia inteiro que seria água. Não cumpriu.
Não cumprimos o que propomos. Não cumprimos o que nos propomos.
Não sabemos nem mesmo quem somos.
Esse tempo todo e ainda não aprendemos....."seria cômico se não fosse comigo"

Já é um bom tempo, em outras datas como essa eu disse que não queria mais, que não podia mais. Não aguentei.
Não que tenha sido completamente agradável aguentar. Talvez seria bem mais difícil, se os dias estivessem condensados.

Podemos. Eu posso. Estou esperando que você venha, me dê a mão, me diga que agora a gente já não tinha medo. Não sei se você vem. Não sei se você está me vendo estender a mão.

Acho que vê.

Será que você pensa em mim com a mesma frequência com que eu acho que você pensa?
Eu te conheço.
Não. Nem um pouco.

Bobagem minha achar que já.

- Isso não é pra agora, menina...aproveita o que ainda há. Aproveita os jás que a vida tem te dado.
Muito engraçada mesmo essa tal de vida. Só dá opções quando já fizemos nossa escolha.

domingo, 11 de novembro de 2012

~exercise~ [acho que o final devia ser outro]


- Pois não, senhor? De que se trata?

- Biscoitos, senhorita! Trago biscoitos.

- Ah sim, mas eu não posso comê-los agora. Meu trem já vai partir e além do mais minha mãe não me deixa comer fora de hora.

- Basta guardar para depois, então. Estão deliciosos!

- Garanto que sim! Vejo pela satisfação do senhor, mas mamãe realmente não permitiria. Mesmo que eu os guardasse. Não gosta que eu coma doces.

- Então façamos o seguinte: você a pede e veremos a resposta. Caso seja não, não volto a importunar-te, prometo.

- (a expressão da menina muda completamente) Não será possível, senhor.

- Pois deixe de bobeira...eu mesmo a perguntarei, caso desejes. A não ser que não queira provar de meus deliciosos biscoitos!

- De jeito nenhum, eu adoraria prova-los mas o senhor não entende, não será possível. Desculpe.

- Eu mesmo a oferecerei, está decidido! Como é o nome da ilustre senhora sua mãe?

- (volta a sonhar) É Carlota...

- (interrompe) Pois então, D. Carlota, bom dia (cutuca a dama ao lado da menina)

- (grita tentando impedi-lo) Senhor não!

- O que há de mais em oferecer biscoitos, garota? É apenas o meu trabalho...(volta) D. Carlota...

- Senhor, pare! (cochicha) Essa não é a minha mãe. E, por favor, não nos importune mais.

Ele sai. Na estação outras crianças brincam de pertencer à famílias que não são suas, à viagens que nunca farão.

-exercício-


Trânsito. Muito movimento.
- O que é isso? Hoje eu acordei na Índia?!

Uma moto passa correndo e costurando, quase é derrubada.
- FILHO DA PUTA!

Olha pro lado. O filho da puta era ele.
- Mas o que eu fiz??

Continua seu caminho. Está atrasado mas não quer se estressar.

Buzinas. Muitas buzinas. Engarrafamento. Motos, mais motos...
Andam. Outra moto atravessa em sua frente. Não há freio que chegue. Batem. O motoqueiro cai. Está parado no chão.

- FILHO DA PUTA
Dessa vez foi ele mesmo quem xingou, mas apenas em sua cabeça.

- Vai me fazer perder a manhã de trabalho.

[exercício]


O vizinho faz uma festa. O som está irritantemente alto.

Vira na cama, tenta dormir.

-Que música é essa? – pensa alto – Não é possível que eles estejam escutando isso sem ser por brincadeira...Hoje é quarta-feira, será que ninguém trabalha nesse prédio? Logo hoje que eu precisava dormir....

O som fica cada vez mais alto.

Bate na parede. Bate repetidamente na parede. Acaba por entrar no ritmo da batida. No seu quase sono, irritação e cansaço, acaba por se ver fazendo parte do batuque, ajudando na festa.

- É isso aí, vizinha!! – ouve uma voz vindo do lado de lá.

Seis da manhã. O sol nasce. Sentados no telhado os dois espiam. A cidade agora dorme.

- É incrível, São Paulo também dorme.

exercício


Um homem canta no palco acompanhado de uma orquestra e um coral. Na plateia, Marta e Eduardo. 

Ele apenas a levou, não conhece o solista, não conhece de música erudita. Não gosta dessas coisas. Eduardo está ali apenas para satisfazer um desejo de Marta e, quem sabe, conseguir que ela – finalmente – lhe dê o tão esperado beijo.

Marta está encantada. Cada nota atravessa seu corpo como uma suave brisa que a envolve e deixa sabor. Cada uma das notas tem um sabor e Marta as experimenta uma a uma. Está em outro planeta.

Eduardo observa Marta assistindo o “show”. Cada suspiro dela atravessa seu corpo como uma suave brisa que o envolve e deixa sabor. Cada um de seus suspiros e arrepios tem um sabor diferente e Eduardo os experimenta calmamente. Está em outro planeta.

O cantor lá. Alheio a tudo. Distante. Pensando na hora em que vai, finalmente, poder descansar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

um dia eu vou encontrar você naquela praça, num dia chuvoso e cinzento
e, com aquele brilho-quase-choro misturado com um sorriso sincero e sem jeito, eu vou te dizer tudo
vou finalmente te contar suspirando ai meu deus como você me dói vez em quando

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

8 por 5

Falta a pressão no sangue, falta ar.

Faltou um tanto de coisa e eu nunca soube contar todas elas, nunca saberia. Não sei o que falta afinal, já que tudo é tão bom. É bom, mas não é isso, sabe...? Não, eu sei que você não sabe e nunca saberá se eu não falar.
É bom, e é bom do jeito que é. Eu devia saber me desfazer dessas coisas, já devia estar acostumada.

Não estou. Não sei dizer não. Nunca soube, começo a aprender mas as lições são cada vez mais difíceis. É que eu gosto de jeito que é. Não é difícil nem de entender nem de explicar, mas a gente gera essas complicações na vida.

Não sei qual a finalidade, mas parece que os humanos gostamos de complicar as coisas mais simples. Deve ser o prazer do desafio, só pode...

O pulso ainda pulsa. E o corpo ainda é pouco.

domingo, 21 de outubro de 2012

Eu preciso deixar você pra trás.


Eu tenho essa certeza mais ou menos umas 20 milhões de vezes por dia. Eu às vezes - sim, ainda - me pego vendo suas fotos e pensando sobre você. Tentando decifrar as situações pelas quais você passou, tentando pensar onde foi que você conheceu cada uma das pessoas com quem você aparece nas fotos. Tentando entender porque você está sempre sozinho...aí eu penso logo que você está me esperando. Só que isso não dura nem mesmo o tempo de pronúncia da frase. Eu logo percebo que você não está sozinho...eu que quero enxergar isso em cada uma das suas aparições...até que eu apareço. E eu sei que a gente estava junto. E a foto não deixa dúvidas: somos grandes amigos. Just Friends.

Eu preciso deixar você pra trás.
Eu preciso deixar o passado passar.
Eu preciso colocar o futuro logo atrás de mim e me acostumar a não olhar pra trás...


"When will we get the time to be just just friends?"

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Woke up this morning

Ali parece ser longe.

A gente não sabe o quanto pode ser longe até ser cada vez mais.
Esse é o mais longe que eu já consegui chegar e, isso sim, me parece impossível.

Não impossível...
Distante, no sentido figurado.

Afinal, it's a long way between the two of us.

A long way of life, inclusive!

sábado, 29 de setembro de 2012

Expectativa


"Vou ficar mais um pouquinho
Para ver se eu aprendo alguma coisa
nessa parte do caminho."



E aí que a gente nunca aprende! Uma vez já perguntei aqui mesmo, neste blog, quando é que eu vou aprender que se eu clicar sempre no mesmo link vou abrir sempre a mesma página?

Um dia eu aprendo a parar de me fazer essa pergunta.



"Próximo filme vou ser pontual"



domingo, 16 de setembro de 2012

Des bonne raisons

Bon jour mon amour e o dia já começa a mudar, o dia já começa bem.

Falta o resto do dia, porque hoje eu não quero ficar em nenhum lugar mas hoje eu passaria o dia abraçada à você falando nadas, vendo o céu ou descobrindo novas palavras.

Passaria o dia só quietinha, com uma boa música (um Caetano, quem sabe!) e mais nada.

Não sei responder, não quero responder e espero pra não falar bobagem. Mas às vezes eu queria você aqui ou que você absolutamente não existisse.

Par fois, croi moi, on doit se taire

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mas dá

Dá pra sentir frio quando você sai. Mesmo em dias quentes.

Dá pra saber que você chega.

Dá pra saber que saudade é muito mais fácil de sentir quando se está perto.

sábado, 1 de setembro de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Isso te interessa?


Eu queria que fosse fácil entender as coisas que acontecem.

As súbitas de-existências de entre-linhas mal resolvidas...

Hoje eu passei o dia pensando sobre o tanto que "o que nós falamos" difere do "o que nós queremos dizer". Não sei por que é assim, mas tá cheio de gente por aí que tá sofrendo (sem a parte dramática da coisa) simplesmente porque não sabe o quê que o outro tá querendo dizer no final das contas.

Será que o problema do mundo é apenas a comunicação? Eu falo e você escuta não necessariamente o que eu quis dizer...Eu escuto o que eu quero que você diga e aí num belo dia você grita pra mim tudo o que estava tentando dizer o tempo todo e eu me assusto. Eu me assusto porque aquele não era o jeito que você deveria ser, que eu queria que você fosse. Enfim, o você que eu criei pra mim.

O pior é quando o espaço entre a boca e as orelhas, que já é grande, é ultrapassado por uma distância ainda maior: os olhos e as orelhas...ler algo que alguém escreveu é realmente libertador: leia como quiser. Mas aí tem que explicar para o escritor que "amigo, não é bem assim...eu entendi de outra forma e gostei mais assim. Sou eu que estou interpretando agora...de resto, muito obrigada pelo belo texto"



" Eu posso dizer uma palavra qualquer, mas, uma palavra qualquer não interessa e eu pergunto: interessa à você tudo o que eu digo? E você me diz, alguém me diz, não exatamente, mas eu te escuto, eu posso te escutar e eu digo, então é preciso escolher as palavras certas, palavras bonitas, senão bonitas, sinceras, ao menos sinceras, não é todo dia que tem alguém disposto a ouvir o que a gente tem a dizer e você diz, alguém me diz, há coisas boas pra se dizer a alguém que queira ouvir" (Vida - Cia Brasileira de Teatro)

quarta-feira, 18 de julho de 2012


Eu nunca sei o que escrever quando sei que alguém lê meus textos.

Talvez por isso eu crie novos blogs, pra me esconder, pra fugir. Pra fingir pra mim mesma que criei um eu-lírico qualquer e que alguém vai acreditar nessa baboseira.
Que ninguém vai ficar sabendo do novo endereço e que, ao mesmo tempo, vão todos saber que no fundo estou louca para que leiam tudo e assim irão me dizer que leram apenas para elogiar. Caso contrário vão ficar de bico calado pois não é tão necessário assim acabar com o encanto da coleguinha.

Gosto de escrever. Não gosto de pensar que irão ler.
Não me entendam mal e continuem lendo (se é que alguém ainda faz isso!). Acontece a mesma coisa quando eu crio uma cena.

E, obviamente, eu quero que assistam minhas cenas.
Por favor venham ver =)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"hate to say i told you so" ou "sobre o tempo"

de repente eu perdi o que ia escrever...
o Beirut que tocava na minha mais nova aquisição (uma caixinha de som) mandava que eu esperasse que as temporadas começassem, elas têm seu tempo.

Mas, me parece, a espera é um tanto mais longa do que eu imaginava.

Tudo tem sua hora, é certo. Tudo acontece em seu devido momento, já sei. O difícil é esperar esse momento chegar, quando as tentativas para que ele venha logo são inúteis.

Algumas coisas esperam de nós algo a mais de força que não se imagina a princípio.

Uma espera, uma volta, uma viagem que nunca chega, um trem que nunca parte. Uma tentativa frustrada. Duas.

Poderia ser cômico se não tivesse um quê de tragédia (acentuado por Elephant Gun que faz as vezes de trilha sonora).
Poderia ser trágico se disso dependessem vidas.
Poderia ser um tanto de coisa.

Mas no momento são perdidas.

As oportunidades perdidas. O tempo perdido. A deixa perdida.
A hora de entrar em cena que muda e leva com ela toda a estrutura do espetáculo.
Faz os atores perderem a paciência, perderem o sono, a saúde.
Faz os atores se perderem.

Estou o dia inteiro tentando me convencer de que o que tem que ser, será. E de que o que será, virá na hora que tiver que vir. Mas sem entender as coisas que vem depois da hora e modificam o percurso.

Mas...será que elas vieram depois da hora?
Será que existe "depois da hora"?



quinta-feira, 7 de junho de 2012

sábado, 26 de maio de 2012

-o que você tem?

-nada.
-essa não é voz de nada.
-ah.....
-tpm?
-também...é, pode ser isso!
-mas o que está acontecendo?
-nada, apenas queria estar a 600 Km de onde estou, com alguém que eu não conheço. Queria não estar na minha casa com as pessoas que estão nela, não estar fazendo as coisas que estou e ao mesmo tempo queria conseguir fazer o que preciso, mas não faço. Queria que o exame de direção chegasse logo mas no fundo, no fundo queria que demorasse mais um pouco afinal, desde uma semana antes do carnaval, a auto-escola tem sido parte importante do meu dia-a-dia....tem me ocupado. Sou preguiçosa mas gosto de fazer coisas, de ter compromissos e costumo ter dificuldade de fazer isso sozinha, fácil de perceber porque não consigo manter uma rotina de estudos. Compromisso comigo mesma é duro pra mim, ainda não aprendi a ter. Estou com uma vontade esquisita de chorar, que não tem sentido, não tem motivo mas está formando uma grande bola na minha garganta. Mas eu preciso cuidar da casa, dos cachorros e de uma criança de 3 anos. Não, a casa não é minha, os cachorros não são meus e muito menos o filho. E é exatamente isso que me irrita mais. Estou cansada e além disso pareço não ter uma vida social. Quase não vejo meus amigos, nem mesmo os da faculdade onde chego na hora da aula e saio correndo logo após o final. Estou prestes a me formar mas não faço a menor ideia do que fazer depois disso. Quando comecei a pensar nisso queria ir para São Paulo, depois resolvi ir para Curitiba. Esses dias surgiu uma conversa sobre um mestrado. Não sei se quero ficar por aqui apesar de não me importar em ficar no caso de uma pós-graduação. Quero sair logo daqui, logo da cidade, logo de casa. Quero ter algumas dificuldades para dar meus pulos e conseguir me virar. Em casa há muita facilidade. Às vezes uma facilidade até além do necessário. Mas entendo. Hoje eu consigo entender, ter uma visão mais clara sobre o que está acontecendo e, pra ser sincera, não me importo e estou aproveitando o quanto posso, da melhor maneira que consigo planejar no momento. Mas nada disso importa afinal. Nada disso faz muita diferença pois vou continuar fazendo as mesmas coisas nos próximos dias pois é o que é preciso e eu não tenho como fazer as pessoas voltarem antes do que elas querem. E é isso o que me irrita, é isso que me faz ficar nervosa e ficar cansada. Cansaço físico mas principalmente mental, cansaço das pessoas que insistem em achar que o mundo é ridiculamente diferente do que ele é. Ou do que ele parece ser, pelo menos pra mim. Mas a gente pode chamar isso de TPM mesmo, se você preferir.

terça-feira, 8 de maio de 2012

apenas que...


 que acordei de mau humor.
o dia está frio, cinza e úmido.
e eu esqueci o que tinha pra dizer...

domingo, 6 de maio de 2012