domingo, 20 de julho de 2014

Eu nunca...!

Estava caminhando pra casa, no frio, num domingo à noite, sozinha, e pensando o quanto eu sou uma mulher fora do que se espera. Ou as pessoas se encantam pelo meu jeito ou elas se horrorizam com ele. Saber lidar é algo muito raro.

Eu bebo cerveja, como muito, como cebola, como pimenta, nunca tive problemas em deixar meus namorados saírem sozinhos, tenho mania de liberdade, me depilo quando quero – e quando sobra uma graninha -, sou bagunceira, deixo a toalha molhada em cima da cama, faço piadas, faço piadas inteligentes (sim, também tem um monte que é sem-graça), não quero forçar ninguém a fazer nada, gosto de ajudar (principalmente quem está perdido), várias vezes não quero que me liguem no dia seguinte, não roo unha, tenho preguiça de fazer a unha do pé, não me encho de maquiagem, acredito na amizade entre homens e mulheres, moro com meu ex-namorado (e a gente não tem nadinha), gosto de ler, gosto de fotografia, embora esses últimos eu quase não tenha praticado nos últimos tempos.

Eu não gosto de fazer joguinhos, eu não gosto que façam joguinhos comigo. Eu canso fácil, eu gosto de dormir. Eu nunca dei o cu. Eu tenho um bom sexto sentido embora nem sempre acredite nele. Eu não tenho muitas frescuras, eu tenho um espelho quebrado pendurado na parede do meu quarto. Eu não tenho paciência para mimimi, eu tenho horror a ciúmes. Eu não tenho muitas roupas, eu não tenho muitos sapatos. 80% do que eu tenho eu ganhei de alguém, eu enjôo fácil de chocolates, eu não gosto de ganhar rosas, eu não reparo nas plantas. Eu derreto sem pudores quando vejo uma criança na rua. Eu converso com as pessoas, faço pequenas amizades a cada esquina – se deixarem -, eu gosto de sorrir.

Não suporto que queiram me passar a perna, nunca sei como me portar quando estou sendo fotografada, não uso salto, eu esqueço os óculos escuros, eu saio sem passar corretivo e/ou lápis de olho. Eu não enxergo de longe, eu não me comovo pelo seu muito-dinheiro. Eu gosto de dar presentes, eu gosto de lamber a tigela com a massa do bolo. Eu gosto de andar e chegar à pé nos lugares, eu não sei andar de bicicleta, eu nunca saí do Brasil, eu já fui à Manaus. Eu quero ir à Fernando de Noronha, eu quero ir à Londres, à Paris, ao Egito, ao Chile, à Argentina. Eu esqueço de escovar os dentes antes de dormir, eu não arrumo minha cama. Gosto de dormir até tarde, gosto de ficar acordada de madrugada. Gosto de fazer sexo e não tenho vergonha de não ter vergonha disso. Gosto do meu cabelo curto, não faço escova ou permanente. Não tenho 30 milhões de cremes. Não consigo planejar minha vida a longo prazo apesar de ter alguns poucos objetivos em mente.

Eu já disse que eu não enxergo de longe?

Ah, pois é! Às vezes eu também não enxergo o que está bem debaixo do meu nariz.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Que loucura que é essa tal de vida quando ela resolve mudar de nome.

Logo cedo a notícia de um amigo querido que se foi para sabe-se lá onde...Um amigo querido. Desses que a gente guarda no coração, guarda carinho, guarda amor, guarda cuidado. E que, não importa quanto tempo vocês deixem de se ver, quanto tempo vocês não se falem, o encontro é sempre doce e terno.

Mas agora o reencontro não será tão breve. Ou talvez seja. O que importa é que não se sabe quando será. Não poderá ser tão facilmente programado.

Não é fácil, em horas assim, se lembrar que as coisas têm sua hora, seu tempo, seu momento. Mas eu vou tentar.


Que suas horas tenham sido plenas, Rapha. Cada uma delas.

Dorme minha pequena, não vale a pena despertar

segunda-feira, 3 de março de 2014

Às vezes eu fico pensando se não sou eu que estou errada.

Tem muita coisa em que eu não acredito, coisas que eu não compartilho, coisas que eu não gosto. Também tem uma porção de coisas que eu não gosto mas respeito. E tem um tanto de coisa que eu não sei se gosto, se respeito, se não entendo, se não conheço...

Mas eu vejo tanta intolerância, tanta falta de vontade de compreender o outro, de receber. Tanto medo do outro. Como se o que vem de fora tivesse que, necessariamente, nos invadir, nos mudar. Será que é tão difícil conviver com o diferente? Por que não podemos apenas aceitar o alheio? Se o outro gosta de verde, eu preciso mudar meu gosto e deixar o vermelho pra lá? Ou podemos, cada um a sua maneira, gostar das nossas cores sem que isso interfira negativamente na vida do outro?

Eu vejo uma grande preocupação com o que o outro vai pensar. E pouca preocupação com o outro. Com o bem estar do grupo. Com a harmonia.

Tenhamos mais comunhão. Da verdadeira. Mais respeito, menos desejo de mudança do outro para que ele fique mais igual a nós mesmos e mais vontade de ser igual ao outro para entender como é ser alguém que não você mesmo. Mais compaixão (que me ensinaram um dia que era a capacidade de se colocar no lugar do outro. Não sei se é, mas guardei como sendo e não me fez mal).

Mais amor, por favor.

Tomara meu Deus, tomara / Que tudo o que nos separa / Não frutifique, não valha / Tomara, meu Deus