quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Isso te interessa?


Eu queria que fosse fácil entender as coisas que acontecem.

As súbitas de-existências de entre-linhas mal resolvidas...

Hoje eu passei o dia pensando sobre o tanto que "o que nós falamos" difere do "o que nós queremos dizer". Não sei por que é assim, mas tá cheio de gente por aí que tá sofrendo (sem a parte dramática da coisa) simplesmente porque não sabe o quê que o outro tá querendo dizer no final das contas.

Será que o problema do mundo é apenas a comunicação? Eu falo e você escuta não necessariamente o que eu quis dizer...Eu escuto o que eu quero que você diga e aí num belo dia você grita pra mim tudo o que estava tentando dizer o tempo todo e eu me assusto. Eu me assusto porque aquele não era o jeito que você deveria ser, que eu queria que você fosse. Enfim, o você que eu criei pra mim.

O pior é quando o espaço entre a boca e as orelhas, que já é grande, é ultrapassado por uma distância ainda maior: os olhos e as orelhas...ler algo que alguém escreveu é realmente libertador: leia como quiser. Mas aí tem que explicar para o escritor que "amigo, não é bem assim...eu entendi de outra forma e gostei mais assim. Sou eu que estou interpretando agora...de resto, muito obrigada pelo belo texto"



" Eu posso dizer uma palavra qualquer, mas, uma palavra qualquer não interessa e eu pergunto: interessa à você tudo o que eu digo? E você me diz, alguém me diz, não exatamente, mas eu te escuto, eu posso te escutar e eu digo, então é preciso escolher as palavras certas, palavras bonitas, senão bonitas, sinceras, ao menos sinceras, não é todo dia que tem alguém disposto a ouvir o que a gente tem a dizer e você diz, alguém me diz, há coisas boas pra se dizer a alguém que queira ouvir" (Vida - Cia Brasileira de Teatro)