terça-feira, 13 de novembro de 2012
aquilo tudo que todo mundo era
um dia cinza que pareceu ser chuva. o dia disse o dia inteiro que seria água. Não cumpriu.
Não cumprimos o que propomos. Não cumprimos o que nos propomos.
Não sabemos nem mesmo quem somos.
Esse tempo todo e ainda não aprendemos....."seria cômico se não fosse comigo"
Já é um bom tempo, em outras datas como essa eu disse que não queria mais, que não podia mais. Não aguentei.
Não que tenha sido completamente agradável aguentar. Talvez seria bem mais difícil, se os dias estivessem condensados.
Podemos. Eu posso. Estou esperando que você venha, me dê a mão, me diga que agora a gente já não tinha medo. Não sei se você vem. Não sei se você está me vendo estender a mão.
Acho que vê.
Será que você pensa em mim com a mesma frequência com que eu acho que você pensa?
Eu te conheço.
Não. Nem um pouco.
Bobagem minha achar que já.
- Isso não é pra agora, menina...aproveita o que ainda há. Aproveita os jás que a vida tem te dado.
Muito engraçada mesmo essa tal de vida. Só dá opções quando já fizemos nossa escolha.
domingo, 11 de novembro de 2012
~exercise~ [acho que o final devia ser outro]
- Pois não, senhor? De que se trata?
- Biscoitos, senhorita! Trago biscoitos.
- Ah sim, mas eu não posso comê-los agora. Meu trem já vai
partir e além do mais minha mãe não me deixa comer fora de hora.
- Basta guardar para depois, então. Estão deliciosos!
- Garanto que sim! Vejo pela satisfação do senhor, mas mamãe
realmente não permitiria. Mesmo que eu os guardasse. Não gosta que eu coma
doces.
- Então façamos o seguinte: você a pede e veremos a
resposta. Caso seja não, não volto a importunar-te, prometo.
- (a expressão da menina muda completamente) Não será
possível, senhor.
- Pois deixe de bobeira...eu mesmo a perguntarei, caso
desejes. A não ser que não queira provar de meus deliciosos biscoitos!
- De jeito nenhum, eu adoraria prova-los mas o senhor não
entende, não será possível. Desculpe.
- Eu mesmo a oferecerei, está decidido! Como é o nome da
ilustre senhora sua mãe?
- (volta a sonhar) É Carlota...
- (interrompe) Pois então, D. Carlota, bom dia (cutuca a
dama ao lado da menina)
- (grita tentando impedi-lo) Senhor não!
- O que há de mais em oferecer biscoitos, garota? É apenas o
meu trabalho...(volta) D. Carlota...
- Senhor, pare! (cochicha) Essa não é a minha mãe. E, por
favor, não nos importune mais.
Ele sai. Na estação outras crianças brincam de pertencer à famílias que não são suas, à viagens que nunca farão.
-exercício-
Trânsito. Muito movimento.
- O que é isso? Hoje eu acordei
na Índia?!
Uma moto passa correndo e
costurando, quase é derrubada.
- FILHO DA PUTA!
Olha pro lado. O filho da puta
era ele.
- Mas o que eu fiz??
Continua seu caminho. Está
atrasado mas não quer se estressar.
Buzinas. Muitas buzinas.
Engarrafamento. Motos, mais motos...
Andam. Outra moto atravessa em
sua frente. Não há freio que chegue. Batem. O motoqueiro cai. Está parado no
chão.
- FILHO DA PUTA
Dessa vez foi ele mesmo quem
xingou, mas apenas em sua cabeça.
- Vai me fazer perder a manhã de trabalho.
[exercício]
O vizinho faz uma festa. O som
está irritantemente alto.
Vira na cama, tenta dormir.
-Que música é essa? – pensa alto
– Não é possível que eles estejam escutando isso sem ser por brincadeira...Hoje
é quarta-feira, será que ninguém trabalha nesse prédio? Logo hoje que eu
precisava dormir....
O som fica cada vez mais alto.
Bate na parede. Bate
repetidamente na parede. Acaba por entrar no ritmo da batida. No seu quase
sono, irritação e cansaço, acaba por se ver fazendo parte do batuque, ajudando
na festa.
- É isso aí, vizinha!! – ouve uma
voz vindo do lado de lá.
exercício
Um homem canta no palco
acompanhado de uma orquestra e um coral. Na plateia, Marta e Eduardo.
Ele
apenas a levou, não conhece o solista, não conhece de música erudita. Não gosta
dessas coisas. Eduardo está ali apenas para satisfazer um desejo de Marta e,
quem sabe, conseguir que ela – finalmente – lhe dê o tão esperado beijo.
Marta está encantada. Cada nota
atravessa seu corpo como uma suave brisa que a envolve e deixa sabor. Cada uma
das notas tem um sabor e Marta as experimenta uma a uma. Está em outro planeta.
Eduardo observa Marta assistindo
o “show”. Cada suspiro dela atravessa seu corpo como uma suave brisa que o
envolve e deixa sabor. Cada um de seus suspiros e arrepios tem um sabor
diferente e Eduardo os experimenta calmamente. Está em outro planeta.
O cantor lá. Alheio a tudo. Distante.
Pensando na hora em que vai, finalmente, poder descansar.
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